Se a vida surge do amor revitalizar não seria diferente.

Julho de 2020. Em Curitiba já estávamos em isolamento social há dois meses e cá estou… na antiga oficina do meu avô. A beleza do lugar se escondia por detrás das impiedosas marcas deixadas pelo tempo.

Apesar de sermos “ambos” advogados (ele continua, eu não mais), meu marido e eu arquitetamos toda a revitalização da tipografia. Estou convencida de que a gente assistiu muito daqueles filmes cuja trama envolve a reforma de um antigo casarão – feita pelo próprio protagonista.

Numa noite fria, na cozinha de casa meu Lincoln perguntou o que eu achava da seguinte ideia enquanto esboçava o “projeto” de reforma da tipo. Achei ótimo! E assim fizemos.

Acompanhamos absolutamente tudo pessoalmente. Quando os pedreiros iam embora, limpávamos a obra, abríamos um vinho e ficávamos admirando aquilo que havia sido feito até que um de nós falasse a frase mágica “o que você acha se a gente fizesse tal coisa?” E lá íamos nós, em busca de peças para viabilizar nossas próprias ideias.  Ideia atrás de ideia, fomos conhecendo muito ferro velho em Curitiba.

Não raras vezes fizemos o trabalho bruto com as próprias mãos por acreditar que ninguém conseguiria fazer aquilo que queríamos, pelo menos do jeito que queríamos.  

Entre um tijolo e outro fomos abrindo caixas e gavetas. Descobrindo e conhecendo os materiais e equipamentos tipográficos. Limpando, restaurando, conservando.  

Um brinde toda a sexta-feira à noite por mais uma semana vencida e…, acredito que deu certo! Não dá vontade de ir embora… Aliás, apesar da obra ter acabado, não perdemos o hábito de frequentemente abrir um vinho, admirar o espaço e, é claro, ter novas ideias!

A tipo tá linda! Vem ver!